sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

SER MULHER CONCURSEIRA.

O DESAFIO DE SER MULHER E CONCURSEIRA.               









.
Ser mulher já é um grande desafio.


Mundo machista, em que as mulheres ainda precisam provar, o tempo todo, a sua mais valia. 
Ser mulher e concurseira carrega ainda mais desafios. 



Já quis ser uma porção de coisas e não fui, Adiei planos: Enterrei sonhos. Convenci a mim mesma da incapacidade de outras tantas possibilidades.

De médica a fotógrafa.  De grande executiva de multinacional a escritora. São sonhos que carrego em mim. Virei advogada e servidora pública. Porque, acima de tudo, eu queria estabilidade um bom salario. 


Essa escolha também me fez fazer outras opções, é o preço. 

Cada escolha carrega um peso em si.Carreguei o peso da incerteza da aprovação, o medo da incapacidade, o desespero de ver o tempo passando e minha vida parecer estar "estacionada".


Queria ter filhos. Precisava exercer os outros papéis que a sociedade me cobrava mãe, dona de casa, profissional de sucesso, mulher fitness e sarada. Eu mesma queria ser tudo isso em uma só. E queria logo Tinha pressa Sofri de ansiedade Passei muita angústia. 

A cada reprovação (e passei por um bocado), eu achava que todos os outros papéis que queria desempenhar estavam cada vez mais longe.


Eu acreditava que esses outros papéis só poderiam ser desempenhados quando eu estivesse no cargo sonhado.



Sonhava em ser Auditoria da Receita Federal ou Agente Fiscal de Rendas de São Paulo. 

Só que, no meio desse caminho, virei Analista Tributária da Receita Federal e, mais tarde, Agente da Fiscalização de um Tribunal de Contas. 



Parei ai. Achei mesmo, em uma decisão racional, que ali era o fim da linha da minha paciência com estudos. Porque eu precisava e queria desempenhar os meus outros papéis.

Na época, a impressão que dava às pessoas era que eu estava desistindo do sonho de ser Auditora da Receita Federal ou Agente Fiscal.


Mas era muito mais do que simplesmente desistir. Era sobre querer ser outras coisas e outras Fernanda além de concurseira, meu salário já era bom, com ótimas perspectivas. 

Estavam num ambiente legal de trabalho e tinha a sonhada estabilidade.


Então, pude abrir espaço para os outros papéis. Eles chegaram também. Ao seu tempo. Simplesmente porque não desisti de nenhum deles.



Gosto mais de alguns. Outros, menos. Mas o que vejo agora é que sofri muito por cada um enquanto não os tinha não aproveitei tanto a caminhada, pensando na chegada.



A estabilidade chegou. O sonho se realizou. A luta se concretizou. 



Porque essa caminhada é rica e nos ensina muito mais do que as matérias de um edital. Ensina a paciência, a lidar com frustrações, a autoconfiança, a vencer o cansaço físico e mental.. elementos essenciais para o desempenho de todos os outros papéis da vida.





Femanda Keid 




Ex-concurseira, administradora, advogada, assessora do TCE-SP, mãe de gêmeos e 3 cachorros, fitness e não tão sarada.






2 comentários: